O que ainda falta na minha vida espiritual?
- Leonard Ravenhill
- 10 de nov. de 2016
- 5 min de leitura

Qual porcentagem de responsabilidade pela minha maturidade é do Senhor, e quanto dessa responsabilidade é minha? Dizer que eu sozinho sou responsável pelo desenvolvimento de minha alma é presunção. Dizer que toda responsabilidade é do Senhor, é insolência.
Acho humilhante, inspirador e desafiador reconhecer que os maiores santos que já viveram não tiveram uma Bíblia maior do que a que eu tenho. Eles só a conheciam melhor. De fato, eles tiveram muito menos da divina Revelação. Hoje nós temos a completa mensagem de Deus para os homens. Ele não tem nada mais a nos dizer. Como o antigo hino diz “O que mais Ele por dizer para você além do que Ele já disse?”. Deus não tem nenhum “P.S.” para adicionar ao livro da Revelação de Jesus Cristo.
Por anos as Sagradas Escrituras foram cobertas em línguas que somente os eruditos podiam ler. “Não havia visão manifesta” (1 Samuel 3.1). Então, abençoado seja o dia que todo o conselho de Deus foi publicado em nossa língua nativa. Com esse desvendar-se vieram as felizes notícias para o sacerdócio dos crentes – Aleluia!
Imagine como o bispo Walsham How irrompia na canção sobre a Sagrada Escritura:
“É um baú dourado, Onde as joias da Verdade estão guardadas. É a imagem desenhada pelos Céus De Cristo, a Palavra Viva.”
Arvores são fascinantes para alguns de nós. Gosto de ver as árvores carregadas de frutos mostrando o seu labor. Os ingleses gostam de seus poderosos carvalhos e os americanos de suas sequoias. Neste momento, na área em que escrevo, as árvores de pêssego estão ricamente cheias de frutos; mas, eles não crescem já enlatados. Não! Deus nos dá o fruto, nós o enlatamos. Árvores não dão móveis, mesmo nessa era cientifica. Nós temos as árvores. Delas fazemos as cadeiras, etc. Assim é com a vida espiritual. Aqui está uma belíssima verdade de 2 Pedro, capítulo 1, verso 3: “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à VIDA E PIEDADE”. Paulo confirma Pedro neste quesito quando ele diz “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” (Romanos 8.32). E para completar essas preciosas palavras, aqui vem Paulo novamente com uma afirmação assombrosa: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, HERDEIROS DE DEUS, E COERDEIROS DE CRISTO” O versículo acaba aqui? NÃO, adicione o restante: “se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.” (Romanos 8.16,17).
Com todo esse recurso sem limites para herdar nesta vida, por que então, Ó por que, nós nos acomodamos com o mínimo da espiritualidade? Essas escrituras que acabamos de citar quebram com todas as nossas desculpas para um cristianismo carnal e explodem todas as nossas débeis desculpas do tipo “adesivos de caminhão” do nosso evangelismo: “Cristãos não são perfeitos, somente perdoados”. (Algum apóstata deve ter escrito esta frase).
Pecar não é permitido para crentes. “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado” (1 João3.9). Não que seja impossível pecar; mas, pelo sangue de Cristo e a habitação do Espírito Santo, é possível não pecar. João novamente exclama a nota triunfante: “porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.” (1 João 4.4).
Deus, então, fez ser possível, para mim e para você, ter vitória sobre o mundo, a carne e o diabo!
Aqui estão os mandamentos do Mestre para os Seus. Estas não são opções, mas sim imperativos. Com Sua qualificação e nossa luta, nós podemos explorar o que Lowrey chamou de “as possibilidades da Graça”. Nós podemos deixar o cercado no berçário espiritual e caminhar para que “prossigamos até à perfeição” (Hebreus 6.1). Aqui estão Seus mandamentos:
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” (1 João 5.21).
“edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé…” (Judas 1:20; Romanos 10.17).
“Conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus…” (pela obediência à Sua Palavra) (Judas 1:21).
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus” (equipamentos para derrotar satanás) (Efésios 6:11)
A Escritura é bem clara aqui: “resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4.7)
Maturidade cristã não é uma operação de final de semana. Por outro lado, lembre-se que não existe um caráter definitivo para a vida cristã neste lado da eternidade. Enquanto ainda estamos na carne, nós prosseguimos “para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3.14)
Eu acredito em pureza instantânea: “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1 João 1.7). Eu não acredito em maturidade instantânea. Fé na obra finalizada de Cristo é uma coisa. Adicionar à sua fé, como Pedro diz em 2 Pedro1.5-7, é outra coisa.
E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. 2 Pedro 1:5-7
Como uma árvore deve ser podada regularmente para que seja trazida a maturidade, assim nós precisamos de poda. É fácil cantar “E meu orgulho desapareceu” [Hino A Maravilhosa Cruz – Isaac Watts]. Se eu fizer isso por mim mesmo, farei me protegendo convenientemente de algum “sangramento”. E quando é o Senhor que faz isso – ou pior, quando Ele usa algum outro ser humano (menos espiritual que eu) para fazer a poda – será que serei capaz de aceitar a punição humildemente? Isto é um processo de crescimento espiritual. Posso suportar isso alegremente quando sou insultado, quando meu nome é proferido como algo maligno (apesar de eu ser totalmente inocente)? Posso eu, com alegria, ajudar a promover outro para uma posição que eu gostaria de ter e a qual eu sou mais capaz de lidar?
Escutei um pregador perguntando a outro se pessoas vieram ao altar em seu último culto. Ele respondeu “Sim, mas a maioria deles são vagabundos de altar”. É mais fácil ir ao altar do que tomar a sua cruz. Não existe mágica em uma ida até o altar. Você não irá crescer nenhum centímetro por andar alguns metros até o altar, a não ser que exista um total arrependimento e um voto santo a Deus de que você não irá cair no mesmo buraco de novo.
Aquele grupo santo dos “heróis da fé” no capítulo 11 de Hebreus me espanta. Eles não tinham Bíblias, não tinham milhões de videocassetes como temos, nenhum seminário bíblico, nenhum programa de rádio de ensino bíblico, e (como eram almas felizes) não tinham pregadores de televisão gospel choramingando por falta de dinheiro. (Quando foi que o Senhor ficou sem suprimentos?). Ainda assim que coisas que aquelas pessoas de Hebreus fizeram: venceram reinos inteiros – (Ó que alguma pessoa rica em fé pudesse vencer o reino mundial de tráfico de drogas) – praticaram justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões. Que milagres, que homens, que fé!
Esse povo “modelo” de nossa fé não chegou às alturas em um pulo:
“Eles subiram a montanha íngreme para o Céu Através de perigo, labuta e dor. Ó Deus, que nos seja dada Graça, Para que sigamos o mesmo caminho”
Perguntado a razão pela qual ele foi usado pelo Senhor tão maravilhosamente na China, Hudson Taylor respondeu “Deus procurou bastante por um homem fraco o suficiente, e Ele me achou”. Ele toma as coisas fracas do mundo para confundir as poderosas. Sabedoria espiritual não vem com os anos; nem a maturidade. A chave para ambas é obediência. O que quer que Ele tenha falado para VOCÊ, faça.
Uma insaciável sede por Deus produzirá um inextinguível amor por santidade (assim como Ele é Santo), resultando em uma paixão pelos perdidos.
Lembre-se, amigo, você é tão espiritual quanto quiser ser.
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* Traduzido por Augusto Magalhães
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